A Importância de Ser Reconhecido Além da Função: Quando o Trabalho ou a Função Apaga o Ser

Muitas vezes, as pessoas são reduzidas à função que exercem. Mas será que somos apenas nossas profissões ou funções? Será que nos sentimos realmente felizes sendo reconhecidos e aceitos apenas por elas? Claro que não. Estamos sempre em busca de algo mais completo.

Imagine como deve ser difícil para um:

Médico
Psicólogo ou terapeuta
Técnico de informática
Religioso
Passar 24 horas por dia sendo reconhecido pelo que faz, mas recebendo pouco reconhecimento pessoal. Ou seja, todas as interações que essas pessoas têm giram em torno daquilo que podem oferecer: responder a uma dúvida, ajudar alguém ou dar um conselho. Poucos demonstram verdadeiro interesse por quem são além de suas funções.

Todos nós somos muito mais do que aquilo que os outros enxergam. Muitos só nos conhecem pelo nosso trabalho ou por nossas ações. Mas e o nosso reconhecimento pessoal? E os nossos sentimentos, dores e desejos como indivíduos? Como seres humanos, buscamos a convivência social com pessoas que compartilham nossos interesses e objetivos. Por isso, participamos de clubes, religiões e mantemos círculos de amizade com interesses em comum. Mas o que acontece quando não conseguimos separar a pessoa ativa da pessoa humana que somos?

A Dor de Ser Definido Apenas Pela Função
É comum que as pessoas nos identifiquem pelo que fazemos. No entanto, essa redução a um único papel pode causar grande sofrimento. Afinal, somos muito mais do que nossas profissões e funções. Temos histórias, sentimentos e desejos que muitas vezes são ignorados.

O Que Acontece na Nossa Mente?
Quando somos vistos apenas dessa forma, isso pode gerar consequências inconscientes que, muitas vezes, são difíceis de identificar:

Sensação de vazio: Sentimos que nossa identidade foi apagada, como se só tivéssemos valor pelo que fazemos.
Frustração e raiva: É natural querer ser reconhecido como indivíduo. A falta desse reconhecimento gera frustração e, às vezes, revolta.
Isolamento: Podemos nos afastar das pessoas para evitar sermos reduzidos a um rótulo.
Dúvidas sobre quem somos: Começamos a questionar nossa própria identidade, nos perguntando quem somos além do trabalho.

Como as Pessoas Reagem no Dia a Dia?
Para lidar com essa situação, as pessoas podem adotar diversas estratégias inconscientes:

Distanciamento emocional: Tornam-se frias e distantes, evitando criar laços para não se sentirem vulneráveis.
Comportamento defensivo: Ficam agressivas ou irritadas, reagindo exageradamente quando são solicitadas dentro de suas funções.
Criação de uma "máscara": Constroem uma persona profissional forte, escondendo sua verdadeira identidade.
Isolamento social: Evitam situações em que acreditam que serão rotuladas.
Sabotagem: Algumas pessoas podem, inconscientemente, sabotar seu próprio trabalho como forma de protesto contra a desumanização.

Exemplos Reais
Uma pessoa constantemente lembrada apenas por sua função pode começar a desenvolver mecanismos de defesa, tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho. Isso pode levá-la a se tornar cínica, desconfiada, distante, rígida, autoritária ou até mesmo a evitar eventos sociais onde sua função seja o foco principal.

Um policial que só é lembrado quando há problemas, mas ninguém se preocupa com seu bem-estar, pode se tornar cínico e desconfiado.
Uma médica tratada como uma máquina de diagnósticos, sem que percebam seus medos e desafios, pode se tornar excessivamente técnica e distante dos pacientes.
Um religioso, quando reduzido apenas à sua função, pode se tornar rígido e autoritário.
Uma mãe que é vista apenas como mãe pode se isolar de eventos sociais onde sente que não tem identidade além da maternidade.

Por Que Isso Acontece?
A sociedade muitas vezes valoriza mais o que fazemos do que quem somos. Isso leva à desumanização, onde as pessoas são vistas como ferramentas ou funções, e não como indivíduos completos.

A Importância do Reconhecimento
Todos nós precisamos ser reconhecidos como indivíduos únicos. Quando isso acontece, nos sentimos valorizados e pertencentes.

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Luciano Grenga é psicanalista, terapeuta e autor do livro "Você Não é a Sua Mente, mas Ela é Sua". Com uma formação sólida em Psicanálise (Freud, Lacan, Jung), Neurociências e PNL, ele tem ampla experiência em auxiliar pessoas a lidar com questões emocionais, promovendo o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal através da psicanálise.
Atendo com terapia psicanalítica presencialmente no Jardim Prudência – São Paulo, próximo à Vila Mascote, Campo Grande, Campo Belo e Jardim Marajoara, e também online para sua comodidade.


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