Do Castigo ao Refúgio: A Nova Geração que Vive Trancada no Quarto.

Geração do Quarto

Antigamente, para os jovens, o quarto era lugar de castigo: "Vá para o seu quarto!" Hoje, o quarto virou um refúgio, um esconderijo. Os jovens se fecham lá, não por medo de bichos, mas das próprias dores e, muitas vezes, dos pais.

Não que os pais representem um perigo físico, mas sim emocional. Isso acontece porque os filhos foram "terceirizados" – ou seja, estão sendo criados por pessoas que não são da família, como babás, empregadas domésticas ou, no melhor dos casos, os avós. Não que essas pessoas não sejam valiosas ou responsáveis, mas lhes falta o vínculo familiar. Tanto que algumas crianças já chamam babás de "vovó" ou "segunda mãe".

Voltando ao quarto como refúgio: as crianças se escondem por medo de encarar o "desconhecido", que são os próprios pais. Estes, depois de passar mais de 10 horas longe, chegam em casa muito cansados. Não conseguem ter uma conversa de 10 minutos com os filhos olhando nos olhos, nem conseguem ouvir por 20 minutos sem dar um palpite.

É importante entender: os filhos não querem conselhos. Eles querem ser ouvidos. Querem falar dos seus medos, angústias e sentimentos de vazio, sem que ninguém dê opiniões.

Eles fogem dos pais porque, em vez de amor, ao chegarem em casa, os pais trazem reclamações, críticas sobre o que o filho fez de errado (e que nem sequer se deram ao trabalho de ensinar) ou notícias de que a vida lá fora é horrível: tudo caro, trânsito, chefes e pessoas chatas.

Com isso, os filhos aprendem que o quarto é o único lugar onde eles têm o controle de quase tudo: a música, os vídeos, a comida, quando ir ao banheiro, as mensagens, etc. Mas eles não conseguem controlar o vazio que sentem, porque a vida dos pais está muito cheia e sem tempo para eles.

Luciano Grenga é psicanalista, terapeuta e autor do livro "Você Não é a Sua Mente, mas Ela é Sua". Com uma formação sólida em Psicanálise (Freud, Lacan, Jung), Neurociências e PNL, ele tem ampla experiência em auxiliar pessoas a lidar com questões emocionais, promovendo o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal através da psicanálise.
Atendo com psicanálise presencialmente na Vila Mascote – São Paulo, próximo à Vila Mascote, Campo Grande, Campo Belo e Jardim Marajoara, e também online para sua comodidade.

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