A verdade das nossas mentiras

Você já parou para pensar em todas aquelas pequenas mentiras ou omissões que você conta? Aquela desculpa para não ir a um evento, o pequeno detalhe que você escondeu sobre uma conversa, ou até mesmo algo que você finge não saber para evitar um conflito.

À primeira vista, parecem inofensivas, uma forma simples de lidar com a vida. Mas o que acontece com essas "mentiras brancas" no nosso inconsciente?

A psicanálise nos ensina que a verdade não é apenas o que falamos, mas também o que sentimos. Freud, com sua teoria do inconsciente, nos mostrou que nossa mente é como um iceberg: uma pequena parte está visível (o consciente), mas a maior parte está submersa (o inconsciente). É nesse território profundo que nossas mentiras se instalam, mesmo que a gente as tenha esquecido.

Quando escondemos algo, nosso cérebro não apaga a informação. Pelo contrário, ela fica "arquivada" e, de certa forma, continua ativa. O corpo e a mente registram a incongruência entre o que é dito e o que é sentido. Essa discrepância gera uma tensão, uma energia psíquica que não tem para onde ir, pois a causa (a mentira) foi "esquecida".

É aqui que entra o conceito de falta de Lacan. Para ele, a "falta" é um vazio que nos constitui como seres humanos e que nunca pode ser preenchido. As mentiras, ao criarem uma barreira entre o nosso eu e o outro, nos distanciam ainda mais dessa "completude" que desejamos. A omissão nos fragmenta, reforçando a sensação de que algo está errado ou faltando em nós.

A gente não mente por maldade. Na maioria das vezes, mentimos para nos proteger ou para proteger aqueles que amamos de uma dor ou sofrimento. É uma estratégia de defesa que nosso inconsciente encontrou como a melhor opção naquele momento. Acreditamos que, ao poupar o outro ou a nós mesmos da verdade, estamos agindo de forma "protetora". No entanto, essa aparente proteção é frágil e tem um preço. O que era para ser um alívio se torna um peso. O conflito entre o que sentimos e o que mostramos se transforma em uma angústia constante. O ato de mentir, mesmo por boas intenções, nos aprisiona em um ciclo de vigilância e ansiedade.

Essa tensão interna, essa angústia do que foi reprimido, pode se manifestar de diversas formas:

Ansiedade constante: A mente fica em estado de alerta, como se estivesse esperando que a mentira fosse descoberta.

Insônia e pesadelos: O inconsciente trabalha para tentar processar o conflito interno.

Sintomas físicos: Dores de cabeça, problemas de estômago ou outras manifestações somáticas podem ser o corpo tentando expressar o que a mente reprimiu.

O que começa como uma pequena mentira pode se transformar, ao longo do tempo, em uma fonte de ansiedade crônica. A mentira não resolvida se torna um peso invisível. A terapia, nesse sentido, é o processo de trazer à tona o que foi reprimido. Ao falarmos sobre nossas "verdades ocultas", mesmo as mais pequenas, permitimos que a mente e o corpo liberem essa energia represada. A honestidade, sobretudo consigo mesmo, é a chave para a saúde mental.

Pense nisso: a verdadeira liberdade não está em ocultar, mas em aceitar nossas imperfeições. E, quando a gente aceita a si mesmo, não há mais a necessidade de fingir. A psicanálise nos ensina que, para curar a ansiedade, é preciso primeiro ter a coragem de olhar para o que foi escondido.

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Luciano Grenga é psicanalista, terapeuta e autor do livro "Você Não é a Sua Mente, mas Ela é Sua". Com uma formação sólida em Psicanálise (Freud, Lacan, Jung), Neurociências e PNL, ele tem ampla experiência em auxiliar pessoas a lidar com questões emocionais, promovendo o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal através da psicanálise.
Atendo com psicanálise presencialmente na Vila Mascote – São Paulo, próximo à Vila Mascote, Campo Grande, Campo Belo e Jardim Marajoara, e também online para sua comodidade.


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